CONCURSO PARA O MEMORIAL ÀS VÍTIMAS DA KISS

Localização:  Santa Maria - RS, Brasil
Ano Concurso: 2018
Projeto Arquitetônico: HUB Arquitetura Integrada - Arq. Gabriel Fendt,  Arq. Pedro Tirelli, Acad. Gabrielle Schmidt e Acad. Juliano Bohrer

A ideia de projetar o Memorial às Vítimas da Kiss gera reflexões que buscamos traduzir em uma tipologia híbrida composta por praça, espaço cultural e auditório. Tipologia essa que deve expressar-se claramente como memorial, sobrepondo-se hierarquicamente a edificação e ao restante do programa proposto.

Por estar inserido em uma zona central de Santa Maria, o Memorial foi projetado para ser um marco na cidade, surgindo através do conceito de “arquitetura compacta”, segundo Rafael Moneo “(...)responder as condições específicas do lugar e o programa com ajuda de mecanismos puramente arquitetônicos.” e com isso  tratando a arquitetura como paisagem, recriando artificialmente uma topografia alternativa.

Estudando a volumetria e unindo ela ao aspecto de memorial a primeira intenção é liberar o máximo de espaço público aberto possível. Com um volume suspenso esse resultado seria possível porém a edificação ganharia muita altura e proeminência. Com o volume enterrado a edificação aproxima-se da escala do transeunte e funciona quase como um alargamento da calçada. Perde-se a noção do que é público e privado.

Continuando a formalização e setorização dos ambientes internos o volume surge de eixos dominantes vindos do entorno imediato e das principais visuais do terreno, afastando-se das laterais do lote permitindo que muita luz indireta penetre nos saguões e salas de aula. Outra característica importante que define a forma é o desnível de mais de dois metros no terreno junto do passeio, que oportuniza dois níveis de acessos diferentes.

Operando a topografia, “recorta-se” o plano do piso sobrepondo-o sobre o edifício. Com rampas suaves e patamares, forma-se a praça e configuram-se estares  apoiados sobre uma malha estrutural de concreto armado. As divisas foram tratadas com painéis que ordenam as edificações lindeiras. Na extremidade sul projetam-se hastes metálicas que simbolizam as vidas que foram perdidas ali, representadas por 242 luzes de intensidades distintas como estrelas subindo ao céu.

O programa pode ser descrito através de 3 percursos: o primeiro é centrado na homenagem onde o usuário sobe na praça e encontra em seu ponto mais alto um patamar com espelho d’água com os nomes das vítimas gravados numa espécie de altar. O segundo é um circuito museístico que tem sua entrada pela lateral oeste no saguão do memorial, que traz fatos sobre a tragédia, com áreas de multimídia e com espaço para exposição, o percurso segue para o saguão multiuso por escadas ou elevador onde encontram-se o café e as salas de aula. O terceiro circuito é um passeio ao redor da edificação, que tem em seu ponto mais profundo um estar reflexivo em meio aos elementos verticais onde estão posicionadas as luzes que simbolizam as estrelas. Nesse ponto o visitante olhando para cima tem umas das visuais mais impactantes da proposta, onde as luzes se projetam para o céu e se tornam estrelas.